Lançamento

Samba homenageia a Mãe Maria da Castilho

Composição de Humberto Schumacher, Everton Maciel e Rita Medeiros relembra a trajetória da ativista Maria da Conceição Amaro

Reprodução de foto de Carlos Queiroz- DP - Maria Amaro ajudou a criar blocos infantis de Carnaval

Conhecida pela sua contribuição no Carnaval de Pelotas e pela atuação pelo candomblé, a pelotense Maria da Conceição Pereira Amaro, a Mãe Maria da Castilho, inspirou duas estreias na música: a da carreira solo do violonista e cantor Humberto Schumacher e a de compositor do percussionista Everton Maciel. A homenagem veio em tom de samba, composição que tem ainda a participação da pedagoga Rita Medeiros como letrista. A canção do trio está disponível nas principais plataformas de streaming de música e no Youtube, no perfil de Schumacher.

A composição surgiu logo após o falecimento de Maria, em 7 de março do ano passado, aos 83 anos. Maciel conta que recebeu um texto de Rita Medeiros, amiga de longa data da homenageada, sobre o legado de Maria Amaro, e percebeu na hora que dali poderia sair um samba. “Eu convivi com ela desde a minha infância, frequentava muito a casa dela, até porque a amizade vem da minha família. Meus pais se davam com eles (com Maria e o marido Ialdesvando Cardoso Amaro)”, conta o percussionista.

Maria Amaro foi uma ativista do Carnaval e além de ajudar a fundar blocos infantis, foi integrante da Academia do Samba e sócia do Clube Cultural Fica Ahí, juntamente com o marido. “A primeira vez que eu saí no Carnaval foi no bloco infantil Mônica e Cebolinha (criado por Maria na década de 1980), tocando em uma bateria. Os ensaios eram no Simões Lopes. De uma forma e outra ela estava sempre participando”, relembra Maciel.

Na obra os compositores relembram a trajetória e como ela era conhecida. Conversando com o Humberto, Maciel lembrou que era comum se referirem a ela como a Maria do “Vando”, uma referência ao marido, ou a dos trilhos, porque bem próximo a casa dela passava o trem. “Aproveitei e fiz a conexão com as entidades que ela trabalhava: a Maria da vó Rita e a vó Augustinha. Na verdade, ela não era só a mãe Maria dos próprios filhos, era a mãe Maria de todo mundo da vila Castilho. Ela ajudava bastante o pessoal dali”, comenta o músico. 

 

Gravação no Rio de Janeiro

A composição se tornou a primeira gravada por Schumacher, conhecido violonista, que agora investe em uma carreira solo. “Meu trabalho é de samba. Eu toco violão de seis e sete cordas e toco com Xana Gallo, grupo Renascença, com Clube do Choro, Solon Silva, com a Marlene, tenho uma agenda de shows e festas, sempre com essa linha de choro e samba”, conta.

Schumacher não conheceu a dona Maria, mas tem contato próximo com os filhos dela e desde o ano passado ele costuma, juntamente com o Everton Maciel, fazer um samba no restaurante que funciona no mesmo terreno da casa da homenageada, na vila Castilhos. “É a primeira vez que eu tô lançando um trabalho meu. Há algum tempo o pessoal dizia: ‘Humberto, vamos gravar alguma coisa’. Mas até então eu estava relutando, mas acabou acontecendo de forma orgânica”, relata. 

O samba foi gravado por Schumacher no Rio de Janeiro, com produção e arranjos de Wanderson Martins , diretor musical e cavaquinista do músico Martinho da Vila, há mais de 30 anos. Essa parceria com o conhecido produtor musical surgiu no ano passado, quando o músico natural de Tapes, passou a frequentar a cena do samba carioca. Em contato com os músicos de lá foi estimulado a ter um trabalho próprio, o que abriria mais possibilidades artísticas para ele. “E agora tive sorte de gravar com um time de primeira.”  

Martins chegou a levantar a possibilidade do violonista estrear com alguma composição de um carioca. Mas o gaúcho achou melhor que fosse uma música feita em Pelotas, onde mora há cinco anos. “A minha ideia é ir pro Rio daqui a uns dois anos, mas como eu estou aqui e essa coisa com o samba veio muito em mim a partir de Pelotas, eu queria que fosse esse samba porque é uma história muito local. A música fala sobre histórias da vila e quanto mais a pessoa conhece, mais ela pega a letra. Isso diz muito a respeito de ser uma coisa pensada para o público de Pelotas”, explica.

Depois dessa bem-sucedida experiência, Schumacher se prepara para no final deste mês retomar as gravações dos próximos trabalhos, no Rio de Janeiro. “Aí sim, terá algumas coisas minhas e de compositores de lá. Aí a gente vai pensar numa outra perspectiva”. A ideia é fazer um EP, que ainda não tem data de lançamento, mas deve sair no segundo semestre deste ano. 

Ficha técnica

Violão: Carlinhos 7 cordas – ex-diretor musical de Beth Carvalho. 

Coristas: Milena Wainer, cantora da Mocidade independente de Padre Miguel e Lissandra Oliveira, cantora do Salgueiro. 

Flauta: Letícia Malvares

Percussão: Pedrinho Ferreira 

Cavaco: Wanderson Martins 

Gravado e mixado por Wellington Monteiro em seu estúdio em Higienópolis, zona norte do Rio.

Conheça a letra: 

Mãe Maria da Castilho (https://bit.ly/3AWuvPl)

(Rita Medeiros/Everton Maciel/Humberto Schumacher)

Mãe Maria do carnaval 

Te vejo numa foto de jornal 

Enrolada num cobertor 

No frio e chuvoso carnaval 

E vejo a receber os louros 

E  o respeito dos outros 

A quem em vida serviu 

Lá se vai, com sua exuberância 

Mãe Maria da Castilho 

Dos trilhos, do Ventania

Mãe Maria da Vó Rita

Do Vando, da Vó Agostinha 

Santa Amaro da Castilho 

Dos trilhos, do Alegria 

Mãe Maria da Vó Rita

Da Mônica e Cebolinha 

Meu filho vem pro meu colo

E com a criançada da vila, formar um bloco 

No carnaval das baianas, pierrôs e mestre-salas 

Que sambam nas cordas da quinze

Ao som do sopapo da academia do Samba

Lá se vai, com sua exuberância

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Alunos dos cursos do Conservatório da UFPel mostram trabalho desenvolvido na entidade Anterior

Alunos dos cursos do Conservatório da UFPel mostram trabalho desenvolvido na entidade

Santa Isabel, uma história para não ser esquecida Próximo

Santa Isabel, uma história para não ser esquecida

Deixe seu comentário